Se você já se pegou se culpando, se criticando, se diminuindo, se comparando com os outros, paralisado pela vergonha, preso em ciclos de perfeccionismo por medo do que os outros vão pensar de você, ou passando por situações difíceis sem conseguir se oferecer algum suporte verdadeiro e caloroso esse texto é pra você.
A compaixão é uma habilidade humana estudada e explorada nas culturas orientais já há bastante tempo. Recentemente com as evidências científicas dos benefícios do Mindfulness e das práticas meditativas, a compaixão passou a ser estudada na Psicologia. Durante a pandemia tem sido observado a importância de sermos compassivos para lidarmos com o estresse de forma mais saudável. A verdade é que a compaixão está ligada a nossa capacidade de cuidado (e autocuidado), que é extremamente importante para o desenvolvimento emocional e o fortalecimento dos vínculos sociais.
Praticar a compaixão envolve se comportar de forma a reduzir o sofrimento de outra pessoa. Dalai Lama definiu a compaixão como “uma sensibilidade para o sofrimento de si mesmo e dos outros, com um profundo compromisso de tentar aliviá-lo”.
Nos dias de hoje temos dois grandes autores sobre o tema: Paul Gilbert e Kristin Neff. Gilbert criou a Terapia Focada na Compaixão. Essa abordagem terapêutica mostra como desenvolver esse recurso pode ajudar a superar situações traumáticas, atenuar a autocrítica e a vergonha e desenvolver um olhar cuidadoso consigo mesmo. Neff popularizou o termo autocompaixão através dos seus livros “Autocompaixão – Para de se torturar e deixe a insegurança para trás”, e “Manual de Mindufulness e Autocompaixão”, este último produzido com Germer, outro grande estudioso de Mindfulness.
A proposta dos dois autores é bastante rica, porém possuem pontos de divergência, já que Gilbert é terapeuta oriundo da Terapia Cognitiva Comportamental e Neff é uma pesquisadora que fez seu doutorado em Psicologia. Alguns psicólogos usam conceitos de Neff em suas abordagens terapêuticas, mas a proposta de Gilbert se mostra mais consistente em termos de técnicas e de como estimular o desenvolvimento da compaixão em pessoas que passaram por situações de sofrimento mental grave.
A autocompaixão é o recurso que nos permite lidar com o sofrimento de forma equilibrada, gentil e tolerante. Ao longo da vida você pode ter desenvolvido uma aversão ao sofrimento, ou ter se acostumado a ele de forma a não conseguir enxergá-lo em perspectiva. Ele pode aparecer e você ter a reação imediata de fugir ou então se entregar. As duas formas não são construtivas, salvo raras exceções. O sofrimento é uma visita inconveniente, mas que faz parte da existência humana. E nessa jornada podemos ter dificuldade em como receber essa visita, ouvir sua mensagem (quando houver) e deixá-la ir.
Muitas vezes o que dificulta que você consiga ser compassivo é o fato de julgar suas experiências, pensamentos e emoções como bons ou ruins. Quando emitimos julgamentos de valor, diante dos nossos erros e condutas inapropriadas iremos reagir de forma punitiva. E se merecemos ser punidos por errar, porque diante das imperfeições você deve se tratar com mais gentileza?
O mais interessante é que quando as pessoas queridas nos contam situações parecidas, se torna bem mais fácil dar conselhos, ser mais gentil e acolhedor. Quando a mesma situação acontece conosco… Bum! A culpa, crítica e vergonha nos inundam e tudo que queremos é ou sair correndo ou nos afundar nelas. De alguma forma acreditamos que se formos duros e críticos com nós mesmos, isso irá nos proteger da instabilidade do mundo.
Pensa aqui comigo: você já experimentou fazer algo difícil e desafiador com alguém te pressionando, dizendo que você não vai conseguir, que é incompetente, que se você errar isso será uma grande vergonha? E quando você faz algo difícil e desafiador mas com alguém te dando suporte, confiando nas sua habilidades e acolhendo e validando seus medos? Em qual desses contextos há mais chance de êxito?
Esses resultados têm sido mostrados inclusive em pesquisas. Pessoas mais compassivas são mais resilientes, felizes, satisfeitas com a vida, motivadas, melhoram seus relacionamentos, sua saúde física e diminuem os sinais de ansiedade e depressão. A compaixão nos ajuda a lidar com as emoções difíceis e aceitar, não de maneira passiva, os fatos que não controlamos. Praticar a autocompaixão é ter paciência com suas imperfeições, reconhecer suas necessidades emocionais e buscar lidar com a própria dor de maneira verdadeira e equilibrada. Não é um processo fácil, mas com certeza te levará a voos mais altos e leves.
Vamos nos aprofundar nessa jornada? Em breve teremos mais posts sobre isso. E se você quiser receber mais conteúdos sobre isso, acesse o Canal do Telegram clicando aqui.
Com carinho,
Paula.