Historicamente a Filosofia e a a Psicologia tentaram entender se a essência do ser humano era naturalmente boa ou má. Recente com a ascensão da Psicologia Positiva alguns experimentos possibilitaram análises aprofundadas sobre essa temática. Dentre eles foram feitas experimentos com macacos, cachorros, ratos e, é claro, seres humanos.
A empatia e compaixão aparecerem como bagagem genética dos seres humanos e é facilmente percebida em bebês. Exames mostram que no caso de pessoas com autismo, sociopatas ou narcisistas essas áreas cerebrais que processam a empatia e a compaixão não possuem a mesma dinâmica que em uma pessoa sem esses traços.
A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Ela se divide em três tipos: emocional, cognitiva e a preocupação empática. A empatia emocional consiste em sentir o que o outro está sentindo. A cognitiva é conseguir enxergar pela perspectiva da outra pessoa. E a preocupação empática é a capacidade de saber o que o outro precisa de nós em determinado momento.
A compaixão é o desejo de diminuir o sofrimento do outro. Sentir compaixão envolve desejar, se motivar e agir para aliviar o sofrimento de alguém. Quando a sentimos nossa pressão diminuiu, liberamos ocitocina, e sentimos prazer, o que nos motiva a criar vínculos e ajudar os outros. A compaixão também pode ser praticada internamente, como formas de aliviar o próprio sofrimento, também conhecida como autocompaixão.
A empatia nos ajuda a olhar com os olhos do outro e a compaixão nos faz desejar ajudar os outros.
Marsseman conduziu um experimento clássico onde quando macacos pulavam a cerca em busca de comida, um companheiro levava choque. O resultado foi que um macaco chegou a ficar 12 dias sem se alimentar. Outro experimento muito conhecido é sobre o comportamento compassivo em crianças entre um e dois anos. Quando um adulto desconhecido entra na sala e deixa algo cair, algo que é grande e pesado, mesmo elas não tendo capacidade física para carregar, as crianças vão lá e tentam ajudar o adulto.
Ambos estudos nos fazem refletir que empatia e compaixão são comportamentos que acompanham a evolução da nossa espécie. Então como deixamos de praticá-las? O contexto tem o poder estimular ou inibir esses comportamentos.
Assim como não ser estimulado a expressar essas atitudes empobrece as relações e as experiências afetivas, ser inundado por essas emoções pode ser prejudicial e gerar desgaste emocional. Aqui vão quatro perguntas para você refletir se está vivendo a empatia e a compaixão de forma exagerada. “Sim” a qualquer uma dessas perguntas já é um sinal de alerta.
- Você passa mais tempo pensando nos sentimentos do seu parceiro que nos seus?
- Em uma discussão você foca mais no argumento que outra pessoa está dizendo do que no fato de sua opinião não estar sendo expressada?
- Você costuma ficar tão envolvido com os sentimentos de alguém que ama quando ela está deprimida o magoada que os sentimentos parecem se tornar seus?
- Depois de argumentar você fica preocupado com o que a outra pessoa estava pensando?
- Você gasta mais tempo tentando descobrir por que alguém o decepcionou do que decidir se os motivos dele são mais importante que seus sentimentos?
E para finalizar, para aqueles que têm o desejo de desenvolver mais empatia e compaixão a dica é que se leia livros de ficção, faça aula de dança, caminhe na natureza, pratique música e medite. Atividades que te ajudem a colocar sua visão de mundo em perspectiva com certeza auxiliarão nesse processo. Qual desses você quer incorporar na sua vida?
Com carinho,
Paula.
Olá, Yann! Excelente a sua dúvida! Quando falamos em manipulação ao ponto de a pessoa chegar a cometer crimes que envolvem crueldade com os outros podemos falar do Transtorno de Personalidade Antissocial, chamado antigamente de sociopatia ou psicopatia. Esse transtorno tem como causas fatores genéticos e ambientais e consiste na dificuldade de sentir empatia pelos outros. Nesse caso podemos dizer que a falta de empatia é um dos fatores que influencia o cometimento de crimes e desrespeito com os outros. Agora quando falamos em crimes passionais, cometidos no calor da emoção, geralmente envolvem pessoas “comuns” em situações adversas, e isso faz com que elas sintam empatia pela vítima e familiares em momentos posteriores.
Um fator interessante é que os estudos sobre empatia e compaixão mostram que crianças com 1 a 2 anos de idade têm uma tendência natural a ajudar os outros, mesmo que não consigam elas irão tentar. Esse e outros estudos permitiram pensar que a bondade, empatia e compaixão são comportamentos herdados evolutivamente e que fazem nossa espécie se perpetuar até os dias de hoje. É porque temos a habilidade de cooperar uns com os outros que conseguimos sobreviver.
E aí deixo uma pergunta no ar: preconceito, ódio, discriminação e afins, se não são inatos, como é que eles surgem?
Espero ter te ajudado. Qualquer coisa estou à disposição.
Mudei um paradigma quando deixei de focar só na empatia a vi que poderia ajudar ainda mais com a compaixão.
Isso é ótimo de ler, Eduardo. A compaixão realmente tem esse poder.
Interessante é que ad pesquisas partem de experimentos com animais totalmente desprovidos de empatia e compaixão. Deixar um animal levar choques e ficar com fome por 12 dias… Existe alguma pesquisa para saber se cientistas tendem a ser sociopatas?
Olá, Ellen! Muito interessante sua dúvida. Na realidade, inicialmente a ciência não enxergava os animais no mesmo patamar que os humanos. Essa trajetória tem a ver também com a evolução dos direitos dos animais. Recentemente duas correntes novas surgiram, uma que vê os animais dignos de direitos e proteção, e outra que vê os direitos e proteção aos animais equivalentes aos dos humanos. Isso influenciou diretamente nas pesquisas atuais onde a tendência é que cada vez menos os animais sejam colocados sobre condições indignas. Talvez esse seja um avanço proporcionado inclusive pelo aumento da empatia e da compaixão, não é?
Um abraço.