Você já se pegou sentindo que está vivendo uma espécie de looping, observando a vida passar e sentindo que os dias têm se repetido? Sabe quando você sente que só está fazendo o que tem que ser feito sem se dar conta de que na verdade você pode estar se desconectando de você mesmo? É muito característico desse momento você viver muito ou no passado ou no futuro sem se conectar com o momento presente. A rotina agitada muitas vezes pode contribuir para que viver um estado de “piloto automático”, onde vivemos de forma mecânica, perdendo as nuances preciosas da vida. Neste texto, vamos explorar maneiras de sair desse padrão, se sentir mais presente e incorporar práticas que promovem o bem-estar.
Como saber se estou vivendo no piloto automático?
Alguns sinais que podem indicar que você está no piloto automático são:
E aí, se identificou? Então provavelmente você está necessitando assumir o controle para sair desse deste piloto automático. Aqui vão 3 estratégias que podem te ajudar nessa jornada.
Focar no momento presente
Uma das chaves para sair do piloto automático é focar no momento presente. A psicologia tem toda uma área de conhecimento específica para isso com várias práticas formais e informais. Focar no momento presente também é chamado de atenção plena e mindfulness. Essa prática envolve cultivar atenção no momento presente sem julgar o que você está pensando ou sentindo. Dessa forma é possível observar nossos pensamentos e emoções sem ficar presos a eles. A prática do mindfulness, é uma ferramenta poderosa para nos tirar do automático. Ao direcionar nossa atenção ao momento presente, podemos experimentar a vida de forma mais intencional e conectada. Técnicas simples como observar sua respiração, os aromas ao seu redor, os sons, ou até mesmo como é a sensação na sua pele quando algo te toca, como por exemplo, colocar o pé no chão gelado. Uma prática que acho bem interessante é prestar atenção nos sentidos no momento do banho. É um ótimo início. A essência dessa prática reside na observação sem julgamento. Em vez de rotular pensamentos ou sentimentos como “bons” ou “maus”, praticantes de mindfulness são encorajados a simplesmente observar, aceitar e permitir que esses pensamentos fluam sem se prender a eles.
O mindfulness abraça a realidade tal como é, neste exato momento. Aceitar a experiência presente, mesmo que seja desconfortável, é um componente crucial. Isso não implica resignação, mas sim uma abertura para a verdade do momento. A mente muitas vezes vagueia entre o passado e o futuro, perdendo o presente. O mindfulness justamente direciona a atenção para o “aqui e agora”, rompendo os ciclos de pensamentos que nos transportam para além do momento presente. Essa ferramenta é crucial para auxiliar o indivíduo a, lentamente, se colocar no presente e viver de forma mais plena. Essa prática é associada a diminuição do estresse e da reatividade emocional.
Apreciação
A apreciação diz respeito a intencionalmente reconhecer os aspectos positivos de suas experiências e desfrutá-los. Está muito ligada à atenção plena, mas também à prática da gratidão. A gratidão envolve uma resposta emocional a atos altruístas ou generosos de outras pessoas em nossa vida. A gratidão está mais centrada nas ações específicas dos outros que impactaram positivamente nossa vida. Já a apreciação é uma atitude mais ampla e abrangente em relação à vida. Ela vai além do reconhecimento de ações específicas de outras pessoas e engloba a capacidade de reconhecer e valorizar as coisas boas em diversas áreas da vida, como natureza, arte, realizações pessoais, entre outros. A apreciação pode ser direcionada não apenas para as interações sociais, mas também para experiências, objetos ou elementos do ambiente que contribuem para o bem-estar geral. A apreciação se relaciona com o senso de se sentir conectado à própria vida. Tirar um momento para reconhecer e valorizar as coisas simples da vida, seja um sorriso gentil, uma xícara de café quente ou a beleza da natureza certamente aumentará seu bem-estar e te ajudará a sair do piloto automático.
A apreciação também pode ser direcionada a nós mesmos e nossos aspectos positivos. Nesse cenário ela se chama autoapreciação. Esse componente é super importante para nos ajudar a reconhecermos nossas qualidades, forças, virtudes, conquistas, o que geralmente contribui para que você desenvolva uma autoestima saudável.
Aqui vão alguns benefícios associadas a autoapreciação:
Para algumas pessoas, é desafiador apreciar a si mesmas devido a preocupações sobre o que os outros podem pensar e o receio de parecerem diferentes. Crenças, como o medo de afastar as pessoas queridas por parecerem arrogantes, a ideia de que não é necessário destacar qualidades positivas, ou o receio de parecer pretensioso, podem representar barreiras à autoapreciação. No entanto, cultivar esse hábito é uma maneira incrível de se conectar com o momento presente, elevar a autoestima e tornar nossas interações menos automáticas, tanto conosco quanto com os outros ao nosso redor.
De modo geral a apreciação é ligada a experiência de sentir emoções positivas que ativam novos circuitos cerebrais, ampliando nossa forma de pensar e enfrentar situações difíceis.
Desacelerar
Compreender que nosso cérebro não é multitarefa e que a produtividade é otimizada ao focar em uma atividade por vez é crucial para você desacelerar. Desacelerar não significa fazer menos, mas encontrar um ritmo que permita saborear cada experiência, definindo limites saudáveis e reservando momentos para relaxar.
Para desacelerar é importante aprender a saborear, termo científico também conhecido como savoring na Psicologia Positiva. É como se você desfrutasse dos bons momentos como desfruta da sua comida favorita, estando atento as sabores, temperos e cada sensação física e psicológica que ela produz em você. Essas experiências exigem que nosso foque seja no presente e nos aspectos positivos dele e têm o poder de nos reernergizar.
Ir a seu restaurante favorito, caminhar apreciando a natureza, escutar suas músicas prediletas, desfrutar da companhia de entes queridos, ler um livro que te conforta, rever fotos de momentos prazerosos, tudo isso associado à percepção de que esses comportamentos despertam sensações prazerosas são formas de saborear o momento presente.
Bryant define savoring como um processo consciente de atenção e apreciação das experiências positivas capaz de prolongar as emoções positivas. Há quatro tipos de savoring definidos por Bryant:
O pesquisador Fred Bryant define savoring como um processo consciente de atenção e apreciação das experiências positivas capaz de prolongar as emoções positivas. Há quatro tipos de savoring definidos por Bryant:
Você pode saborear de diversas formas. O importante é compreender que não existe uma fórmula mágica que funcione para todos, mas sim o que mais desperta seus sentidos, captura sua mente e gera emoções positivas. Saborear não é um processo passivo, mas requer esforço e empenho para desenvolver essa habilidade. Se você está em nível muito acelerado nos últimos tempos, talvez seja importante começar aos poucos. Gradativamente essa prática se tornará natural para você.
Aqui vão algumas técnicas de savoring para você por em prática:
Escrever sobre as experiências pode te ajudar a registrá-las e monitorar quais são mais poderosas para você. Comece separando entre 30 minutos a uma hora para desfrutar de momentos que te fazem bem. Aos poucos você poderá inclusive adicionar práticas de savoring entre momentos estressantes para desacelerar e diminuir a intensidade das emoções negativas.
Cultivar uma vida consciente é um processo contínuo que envolve práticas regulares, planejadas e intencionais. A atenção plena, apreciação e as estratégias para desacelerar, juntas podem te ajudar a sair do piloto automático e viver uma vida mais conectada. E caso você sinta dificuldades nesse processo, não hesite em procurar nossa equipe de profissionais.
Um abraço.