O que você faz quando seus planos são frustrados? Você pega um engarrafamento, esquece algo importante em casa, não obtém os resultados que esperava em algo importante para você, ou até se decepciona com alguém que ama. Nesses momentos como você age?
Desde os primórdios da Psicologia inúmeros teóricos falavam sobre a importância de alinharmos o nosso mundo interno com o externo. A forma como adaptamos as nossas expectativas à realidade está diretamente relacionada ao nível de sofrimento emocional que temos.
Quantas vezes repetidamente coisas desagradáveis aconteceram e você se recusou a aceitá-las ou, mesmo sem ter o poder de modificá-las, esperou que isso acontecesse? Pode ser um comportamento do seu filho, do seu cônjuge, seus pais, amigos. Uma decisão no trabalho, ou um eletrodoméstico que quebra inesperadamente.
A verdade é que vivemos tentando mudar a realidade. O problema surge quando colocamos expectativas em coisas que não dependem de nós. Isso é uma forma implícita de tentarmos manter o mínimo de controle sobre as pessoas e às circunstâncias, porém gera sofrimento quando o mundo não se comporta como imaginamos.
Nos dias de hoje saber olhar o mundo, os pensamentos e as emoções em perspectiva, estando disposto a reconhecer que nem sempre sua visão é a mais acurada possível, e de vez em quando você precisará calibrá-la é o grande ouro da saúde mental. Muitas vezes os comportamentos dos outros geram sofrimento em nós, mas diante disso, quando conseguimos buscar alternativas saudáveis, desenvolvemos a flexibilidade cognitiva.
Ser uma pessoa flexível cognitivamente não quer dizer que você é passiva, mas que diante das situações adversas você consegue analisar e optar pelo que é melhor para sua saúde emocional. Dois fatores podem dificultar que você tenha comportamento flexíveis: as feridas emocionais do seu passado e a rigidez diante dos planos que você constrói para si mesmo.
As feridas emocionais que se originaram no passado aparecem frequentemente na terapia. Geralmente elas ocorrem quando nós não éramos capaz de cuidar de nós mesmos, durante a infância. Podemos passar uma vida tentando reaver o que houve, o que faltou, como poderia ter sido melhor. Diante disso você pode adotar comportamentos que visem compensar as faltas que teve em seu passado, de forma até resignada e obstinada, levando a rigidez.
Outro ponto importante é acreditar que seus planos devem ser cumpridos a todo custo. Essa é uma tentativa de controlar não só você, mas outras variáveis que perpassam o seu controle. Quando nos fixamos muito nisso, podemos nos ater a detalhes que não estão sob nosso domínio e isso gerar muito desgaste e sofrimento.
Saber até onde vai sua responsabilidade e como você é capaz de minimizar o próprio sofrimento emocional é o que há de mais interessante e libertador em nossa essência humana. Muitos casos de adoecimento mental surgem diante da inflexibilidade psicológica. Nos prendemos a padrões rígidos de comportamentos e não conseguimos nos analisar em perspectiva.
Aqui vão algumas dicas para te ajudar a por em prática a flexibilidade psicológica:
- Procure imaginar soluções e pontos de vista diferentes dos seus quando estiver passando por alguma dificuldade. Se for difícil, se abra com amigos que você sabe que terão opiniões diferentes das suas.
- Aceite que você não tem controle sobre tudo, e principalmente sobre os outros.
- Compreenda que por mais que as coisas não saiam de acordo com as suas expectativas, você pode mesmo assim se comprometer a fazer o que acredita.
- Foque no momento presente. Pensamos do tipo “e se?” voltados para o passado e o futuro mostram que você está desconectado do presente.
- Se arrisque a fazer coisas que te fazem bem, mesmo que sinta medo, e aprecie a jornada, mesmo que o resultado não saia como você espera.
Vamos praticar a flexibilidade?
Com carinho, Paula.