A ansiedade é uma emoção humana comum a todos nós. Anda junto com o medo, e podemos dizer que a ansiedade é um medo “aprimorado”. O medo consiste na reação a um perigo, e seu objetivo é nos proteger em situações perigosas. A ansiedade surge da nossa habilidade de pensar em perigos futuros e como podemos evitar perdas, ameaças, fracassos e incertezas. Ela nos faz ficarmos em prontidão para o que vier a acontecer acontecer no futuro. Se ela for funcional, pode inclusive te ajudar a se preparar para os desafios da vida.
As respostas que nosso corpo pode ter relacionadas ao medo e à ansiedade também podem ser chamadas de reações ao estresse. Essas respostas são de responsabilidade do nosso sistema nervoso autônomo, que é a parte do nosso corpo que regula as nossas reações involuntárias, aquelas que não precisamos pensar para que o corpo execute. Algumas delas são: respirar, digerir alimentos, liberar hormônios, controlar batimentos cardíacos, eliminar substâncias através da urina.
O sistema nervoso autônomo se divide em simpático e parassimpático. Eles resumidamente controlam os níveis de energia de nosso corpo e o preparam para ação. O sistema simpático é a parte que influencia nas reações de luta ou fuga, regulando a energia corporal para essa finalidade. Ele libera os hormônios de adrenalina e noradrenalina, que causam as seguintes reações em nosso corpo:
- Aumento dos batimentos cardíacos o que faz com que mais sangue seja bombeado para todo o corpo, aumentando nossa pressão arterial;
- Dilatação das pupilas, aumentando assim o campo de visão, e permitindo a entrada de luminosidade, porém é possível que a visão fique borrada;
- Aceleração da respiração, o que faz aumentar o nível de oxigênio no sangue prevenindo sangramentos, e também o envia para nossa pele, abastecendo os músculos com energia. Isso pode gerar palidez, tonturas e sensação de dormência, pois o corpo trabalha para manter o sangue nas partes essenciais ao seu funcionamento. Os músculos podem ficar tensionados gerando dor e tremores;
- Redução da produção de saliva, que aumenta acidez no estômago e pode gerar uma sensação de pesar no estômago e produzir náuseas;
- Intensificação do tráfego intestinal, o que amplia a produção de nutrientes para uma digestão mais rápida, e pode gerar constipação ou diarreia;
- Sudorese, fazendo com o nosso corpo fique mais difícil de ser fisgado por um pedrador e sua temperatura seja mantida.
Um exemplo do uso médico frequente desses hormônios acontece na Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em processos de reanimação, pois eles de fato preparam o corpo para reagir.
É possível também que o nosso sistema autônomo libere o cortisol, um hormônio de ação mais lenta que os descritos acima, mas que é relacionado ao estresse. O cortisol aumenta a pressão arterial e o açúcar no sangue, nos dando mais energia. Até certo ponto ele é saudável, mas quando está em excesso em nosso organismo pode favorecer o surgimento de infecções, diabetes, hipertensão, insônia.
Já o sistema parassimpático é responsável por fazer o nosso corpo voltar ao estado original, ele é “o irmão mais velho” que regula o sistema simpático. Tem efeitos opostos do sistema simpático e atua na recuperação do corpo, promovendo o relaxamento. Lembrando que não há um controle consciente desses sistemas, o corpo em algum momento se cansa, chega ao seu limite e se encarrega de ativá-lo. O que nos faz perceber que a ansiedade não é uma crescente sem fim. E isso é uma informação muito importante para quem sofre com transtornos de ansiedade. Muitos relatam que não conseguem parar os pensamentos ansiosos até que então o seus corpos desligam. Essa ação de desligar é o sistema parassimpático em ação.
Você pode mesmo após uma crise de ansiedade ainda se sentir ansioso, porque? Porque essas substâncias não são eliminadas rapidamente do nossos organismo. Até porque a função delas é nos proteger, e o corpo entende que precisa garantir que o estímulo ansioso foi embora. Todo esse processo pode te deixar exausto.
Outro fator interessante é que ao passar por tudo isso poderíamos simplesmente sair gritando, agredindo, ou correr e fugir, mas devido às normas sociais temos comportamentos como bater os pés, marcar os passos, comer compulsivamente, insultar pessoas, ou até atirar coisas na parede. O que nos faz perceber a ansiedade como agitação, pensamento acelerado, dificuldade de se concentrar, memorizar.
Na realidade isso é consequência do sistema simpático. Quando ele é ativado nosso corpo começa a buscar estímulos ameaçadores no ambiente. O que dificulta a concentração em atividades simples, como estudar, ler, trabalhar, escutar alguém falando com você, gerando distração e dificuldades de memorização.
Muitas vezes podemos não ter consciência do estímulo e começarmos a nos questionar o que pode estar errado. Ao não encontrar uma razão externa, pode-se começar a pensar que há algo errado conosco, como “eu sou problemática”, “tem algo errado comigo”, “devo estar morrendo”, “estou enlouquecendo”, “estou perdendo o controle”, “não vou conseguir sair disso”, “as pessoas vão perceber que estou assim”, “algo ruim vai acontecer”.
Em casos raros, o que de pior pode acontecer em uma situação como essa é o desmaio, característica dos ataques de pânico, que é uma medida extrema do sistema parassimpático para garantir que o corpo volte ao normal. Quando isso ocorre, em alguns segundos a pessoa acorda e se restabelece. Lembrando que esses casos são os mais RAROS.
Nem sempre você vai conseguir identificar o que está deixando ansioso, e está tudo bem. Algumas estratégias que podem te ajudar nesse processo é iniciar um diário das emoções, onde você escreve como está se sentindo e o que aconteceu antes, durante e depois que você ficou ansioso. A terapia pode ajudar muito nesse processo, e meu e-book também :). Para baixar é só ir na página inicial do site.
Com carinho,
Paula.
Paula, adorei seu texto! Sofro com ansiedade desde sempre, é muito bom conhecer mais a respeito.
Márcia, fico feliz que esse texto te ajudou de alguma forma.
Obrigada pelo feedback.