Sou feia. Estou gorda. Sou preguiçosa. Inútil. Má. Burra. Egoísta. Não consigo perdoar. Não mereço ser bem-sucedida. Sou uma farsa. Não sofri o suficiente. Conheço pessoas muito melhores que eu que merecem ser felizes e não são. Por que então eu?
Recentemente lancei algumas perguntas no perfil do Psicoterapia e Afins do Instagram e as respostas foram bem parecidas com o que você acabou de ler acima. Não sei se esse pensamento já passou em sua cabeça. Mas de onde vem O raciocínio que você tem que merecer para então poder ser feliz?
Historicamente a felicidade foi objetivo de estudo filosofia, religião, e nas últimas décadas, da psicologia. Vemos que no século XVII acreditava-se que a felicidade era questão de sorte, ou favor divino. Entre os Greco-romanos existia a crença de que a conquista da felicidade envolvia o pré-requisito de muito esforço e luta para então se ter o direito de ser feliz. Ser feliz era sorte ou prêmio após muito sofrimento. Interessante como isso ainda é perceptível na forma como algumas pessoas conduzem suas vidas, não é mesmo?
Como esse pensamento pode estar afetando a sua vida? Você pode evitar fazer coisas que gosta por acreditar que são supérfluas e perda de tempo. Deixar de ir a lugares que tem interesse ou curiosidade por acreditar que aquele ambiente não é pra você. Não comprar coisas que adoraria ter, ou se relacionar com pessoas que admira. Quantas vezes você deixou de fazer algo por você por se sentir inadequada ou que não merecia? Você não está sozinha!
No processo evolutivo da nossa espécie ser feliz não era uma prioridade, mas sim se manter vivo. Acontece que já estamos aqui, bem, vivos. E muitas vezes interpretando perigos que não nos colocam em risco como tal, ou olhando a nossa vida e não encontrando valor nela. Estamos em um processo de ressignificar nossa existência. Já garantimos nossa sobrevivência. Uma prova disso é você aqui lendo esse texto do outro lado da tela.
O número crescente de pessoas com depressão, ao ponto de não conseguirem exercer suas atividades rotineiras, como estudar, trabalhar, cuidar da família mostra que a vida urge por um significado, um sentido. E que vivermos no modo automático, cumprindo afazeres, obrigações, sem nutrir o nosso emocional de forma significativa ADOECE.
A felicidade, do ponto de vista da Psicologia, se torna um dos pilares da saúde mental, tendo em vista que previne uma série de doenças mentais como depressão, ansiedade, reduz o risco de desenvolvimento de cardiopatias, fortalece o sistema imunológico, auxilia na recuperação de doenças graves (como câncer), e aumenta a longevidade, ou seja você vive mais e melhor!
Outro fator relevante é que 40% do nosso nível de felicidade depende de hábitos que desenvolvemos ao longo da nossa vida. Ou seja, como você se comporta determina o quão feliz você se sente. E você se comporta de acordo com os pensamentos e sentimentos, sendo influenciado pelas crenças de felicidade que desenvolveu ao longo da vida. Se você não acredita que merece ser feliz, não irá desenvolver hábitos que possibilitem isso.
Devemos mudar nosso olhar e entender que a felicidade não é questão de merecimento, mas sim de necessidade humana básica. Você precisa ser feliz para viver com qualidade, se não irá apenas sobreviver no piloto automático e quando menos esperar adoecerá, não só emocionalmente.
Sua vida não precisa ser um conto de fadas para você então buscar a felicidade. Mas você precisa ser feliz para conseguir viver mais e com mais saúde. Felicidade não é supérfluo mas sim um pilar básico da vida.
Com carinho,
Paula.