O tédio é um estado emocional que surge quando estamos diante de tarefas monótonas ou de estímulos externos limitantes. As teorias sobre o ´tédio mostram que ele possui intensidade, afetos positivos ou negativos, alteração na percepção do tempo, componentes motivacionais, falta de estimulação cognitiva e tendência em atender a impulsos para escapar da situação entendiante. O tédio é um estado afetivo desagradável que consiste em processos componentes específicos que podem ser altamente aversivos, sendo mais do que simplesmente a ausência de afeto positivo.
Evolutivamente falando, o tédio serve para limitar o envolvimento em atividades que não prometem produzir nenhuma recompensa e que não são adequadas para ampliar o repertório de pensamento-ação do indivíduo, possibilitando assim redirecionar a atenção para atividades mais prazerosas.
Comumente o tédio é relacionado a abuso de álcool e outras drogas, compulsão alimentar, abandono escolar, depressão e ansiedade. Embora seja uma experiência comum a todos nós, o tédio pode ser uma experiência difícil de manejar.
Quando estamos diante de uma experiência emocional é comum experimentamos o que é chamado de saturação emocional. Isso quer dizer que o que nós sentimos guia o que pensamos e percebemos no ambiente. No caso do tédio, quando estamos diante dessa experiência pode ser esperado tentar mudar o circunstância, seja através de procesos mentais como devanear ou comportamentos que ajudem a tirar o foco da situação entediante.
Também temos um achado importante nessa área de estudo sobre o tipo de ambiente em que o tédio acontece. Em ambientes que estimulam conquistas ou que o desempenho é medido (como escolas, faculdades) o tédio tem influência negativa sobre os nossos resultados. Ou seja, quando mais entediados ficamos em um ambiente de aprendizagem ou de avaliação, menos interessados estaremos e menos aprenderemos. Já em situações onde a conquista por algo não é estimulada é mais provável que quando experimentarmos o tédio façamos algo para diminuí-lo.
Nos últimos anos as pesquisas mostraram que existem 5 tipos de tédio. Eles variam de acordo com o nível de excitação (estímulo) e a presença de afetos positivos ou negativos.

- Indiferente: nesse estado nota-se uma baixa excitação fisiológica e um pouco de emoções positivas. É aquele estado de calmaria e relaxamento onde que queremos ficar sem fazer nada, sem nos incomodarmos com essa falta de motivação.
- Equilibrado: aqui temos a excitação fisiológica um pouco maior, significando que estamos saindo daquele estado de calmaria, e a presença um pouco de emoções negativas. É comum aqui ter pensamentos de divagação, estar aberto a mudar a situação ou pensamentos relacionados a ela. Aqui o tédio começa a ficar levemente desprazeroso. Não saber o que fazer para mudar a situação é comum nesse estado. Mesmo estando aberto a sair desse estado, a falta de iniciativa é predominante.
- Buscador: como o próprio nome diz, aqui o nível de excitação é maior, fazendo com se busque formas de aliviar esse tédio. A intensidade das emoções negativas também é maior que o estado anterior. Aqui não se consegue descansar diante do tédio. Pensamentos voltados para o que fazer, hobbies, atividades, interesses são frequentes. Esse é o estado do tédio onde há a busca ativida por diminuir essa sensação.
- Reativo: altos níveis de excitação fisiológica e afetos negativos. O comportamento de evitação é a maior tendência desse estado. Evitar a situação e as pessoas responsáveis pela situação é muito comum no estado reativo.
- Apático: adicionado recentemente à teoria, esse estado envolve baixa excitação fisiológica e altos níveis de emoções negativas. Esse tipo de tédio é associado a situação de desamparo e depressão, sendo associado a transtornos mentais.
Como vimos acima, nem todo tédio será ruim. Alguns nos motivarão a nos engajarmos em situações prazerosas e outros estão associados a situações de descanso. Entretanto quando o tédio causa prejuízo ao seu desempenho, relações ou te faz desistir de coisas importantes, é importante avaliar a sua motivação e crenças diante dessas situações.
Aqui vão perguntas importantes para te ajudar a se livrar, ou ao menos diminuir o tédio:
- Estou me sintindo mal nessa situação?
- É possível sair dessa situação? Quais são as consequências a médio e longo prazo caso eu evite essa situação?
- O que posso fazer para mudar?
- Posso inserir estímulos prazerosos que me ajudem a terminar essa atividade (como escutar música, por exemplo)?
- Quais são as minhas motivações diante dessa situação?
Outro fator importante é tomar cuidado com as comparações que fazemos de nossas vidas com de outras pessoas. Muitas vezes ao acessar as redes sociais achamos que todos possuem uma vida interessante 24 horas por dia, quando sabemos que essa não é a realidade.
Caso você se sinta entediado em momentos de lazer considere inserir atividades que sejam estimulantes para você, sejam cognitivamente ou manuais. Ler, ouvir música, fazer um artesanato, montar um quebra-cabeça, andar de bicicleta… Atividades que exijam atividade da sua parte e que você se sinta empolgado.
Também cabe ressaltar que se sentir entediado é diferente de se sentir culpado por não estar sendo produtivo. Não precisamos fazer algo útil para sair do tédio, mas sim algo estimulante, de acordo com o nosso próprio julgamento. Ser produtivo o tempo todo na verdade pode te levar à exaustão.
Espero que esse texto tenha te ajudado.
Qualquer dúvida é só comentar abaixo.
Com carinho,
Paula.