Autoaceitação: o primeiro passo para uma vida emocionalmente saudável

Nos últimos anos, falar sobre saúde emocional finalmente deixou de ser tabu. Cada vez mais pessoas entendem que cuidar da mente não é luxo, é um pilar essencial para viver com qualidade, equilíbrio e presença. Nesse movimento, muitos conceitos ganham destaque: autoestima, amor-próprio, inteligência emocional, controle da ansiedade…

Todos eles são fundamentais.
Mas há um ponto que quase sempre passa despercebido e sem ele nenhum dos outros consegue florescer: a autoaceitação.

Por que a autoaceitação é o básico que quase ninguém pratica?

Autoaceitação não tem nada a ver com “aceitar tudo” ou ignorar suas falhas. Ela é a capacidade de olhar para si com honestidade, reconhecer suas forças e vulnerabilidades e adotar uma visão realista e gentil sobre quem você é.

E isso é muito mais difícil do que parece.

Vivemos em uma cultura que vende a ideia de que felicidade significa estar sempre bem, se achar o máximo, competir o tempo todo e buscar prazer de forma desregulada. Nesse cenário, olhar para si com sinceridade pode ser desconfortável, mas é justamente daí que nasce o crescimento emocional.

Sem autoaceitação, você constrói a vida em cima de expectativas irreais.
Com ela, você começa a se compreender de verdade.

Quando a comparação te afasta de si

Muita gente usa a comparação como bússola para descobrir quem é. O problema? Esse caminho costuma levar a mais insegurança, e não a clareza.

Comparar-se constantemente:

• estimula competitividade desnecessária;
• condiciona seu bem-estar à sensação de “ser melhor que alguém”;
• distorce sua própria história e singularidade;
• cria padrões que muitas vezes nunca irão caber em você.

Talvez você se compare com colegas de profissão que tiveram outras oportunidades, mais tempo de carreira, ou que simplesmente vivem contextos que você não vive. Talvez deseje um corpo que não condiz com seu biotipo.

E, nesse processo, você se cobra por não alcançar uma versão idealizada que só existe na sua imaginação.

Cuidado para não projetar a sua ideia de perfeição em alguém tão humano quanto você.

💛 Respira. Começa devagar.

Autoaceitar-se é um processo, não uma meta que você “atinge” da noite para o dia.

Observar-se já é um excelente começo.
Se for difícil enxergar suas qualidades, peça feedback a pessoas que te querem bem. Na minha prática clínica, uso técnicas como a carta de um amigo e forças de caráter vistas por alguém próximo. Muitas pessoas se emocionam ao perceber que os outros enxergam nelas belezas que elas mesmas ignoravam.

Os 5 estágios da autoaceitação (segundo Germer)

A seguir, a Pirâmide da Autoaceitação, traduzida e adaptada por mim, Paula Rodrigues, para o Psicoterapia e Afins. Ela apresenta os cinco estágios que geralmente percorremos nesse processo:

1. Aversão

É quando você evita pensar no assunto. Parece que está tudo bem, mas existe uma angústia silenciosa.
É comum evitar ficar sozinho ou ter pensamentos repetitivos que causam sofrimento.

2. Curiosidade

Aqui surge a pergunta: “Como posso lidar com isso?”
Você começa a conversar sobre o tema, ler, buscar ajuda.
Já não é mais passivo, você se move na direção certa.

3. Tolerância

Você entende que autoaceitação exige contato com partes dolorosas de si.
É o estágio de olhar para feridas antigas, crenças difíceis e emoções que você costuma esconder.
Tolerar a dor com segurança e paciência é fundamental.

4. Permitir-se

Depois de desenvolver tolerância, você começa a permitir que suas emoções apareçam sem tanta resistência.
Esse estágio fortalece autoconsciência, resiliência e presença.
É sobre reconhecer luzes e sombras, sem negar nenhuma parte de você.

5. Acolher

É o ápice da autoaceitação.
Você se trata como trataria alguém que ama: com um olhar caloroso, gentil e realista.
É perguntar a si mesmo:
“Se eu fosse meu melhor amigo, como eu me acolheria agora?”

Aqui nasce o respeito próprio, o amor-próprio e uma confiança mais estável na vida.

A autoaceitação é o solo onde tudo floresce

Quando você olha para si com sinceridade e compaixão, cria o terreno ideal para desenvolver:

• autoestima
• autoconfiança
• amor-próprio
• estabilidade emocional
• relacionamentos mais saudáveis
• escolhas mais alinhadas aos seus valores

A autoaceitação não é sobre gostar de tudo em você.
É sobre integrar todas as suas partes, as suaves, as difíceis, as que você se orgulha e as que ainda está aprendendo a lidar.

E é desse lugar que nasce uma vida mais significativa.

Quer ajuda para iniciar esse processo?

Eu posso caminhar com você.

Com carinho,
Paula 🌻