Todos nós temos necessidades emocionais que precisam ser supridas ao longo da vida para que possamos nos desenvolver emocionalmente. Na nossa infância, quando estamos sendo preparados para o mundo, nossos pais ou cuidadores são as principais fontes de nutrição dessas necessidades.
Na tentativa de controlar os filhos e moldá-los para o mundo, muitos pais acabam punindo os erros e reforçando os bons comportamentos, o que pode ser um tanto confuso para uma criança, a ponto de deixá-la insegura e possibilitar a crença de que só as pessoas perfeitas são dignas de amor, conexão, afeto e pertencimento.
A crítica pode ser um meio frequente de punição na tentativa de controle e de modificação do comportamento, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio de que o amor só acontece quando não somos criticados. Tornando uma experiência dolorosa, a crítica passa a ser o sinal máximo da dor e da rejeição.
Passamos então a construir uma conduta pautada na evitação do julgamento do outro, muitas vezes adotando um crítico interno tão rígido, como forma de nos proteger da dor de sermos criticados pelos outros. Só que isso faz com que não demos espaço para o nosso crescimento e para a conexão genuína com nós mesmos. Entramos em um limbo afetivo onde ficamos desconectados de nós mesmos.
Essa desconexão pode gerar ansiedade, sintomas depressivos, dificuldade para dormir, angústia, sentimento de inadequação, medo e vergonha excessivos, insegurança, baixa autoestima, rigidez emocional, falta de amor-próprio, dentre outras coisas.
Como então começar a jornada de reconexão consigo mesmo?
Vamos raciocinar juntos: entre viver uma vida preso no autojulgamento, na autocrítica e viver de forma mais leve, se amando e tendo um olhar mais acolhedor para si mesmo, o que você acha que pode trazer mais vantagens? As pesquisas mostram que sair do ciclo da autocrítica e do autojulgamento diminui nossos níveis de cortisol (hormônio do estresse), fazendo que saiamos do estilo mental de tensão onde estamos a todo tempo tentando nos proteger da crítica e da rejeição dos outros, além desses comportamento estarem associados a sintomas depressivos e ansiosos.
Desenvolver uma fala mais amorosa consigo mesmo, por outro lado, está associado a produção de ocitocina, que aumenta o sentimento de conexão com os outros, reduz o estresse, reduz a pressão sanguínea, auxilia no desenvolvimento da resiliência, te ajudando a ter respostas mais assertivas ao longo dos desafios da vida. Se você pudesse escolher um desses padrões, qual seria? E se eu te contar que hoje você pode sim escolher um desses padrões? Qual você está disposto a alimentar?
Para sairmos do ciclo da autocrítica e da culpa precisamos entender alguns pontos:
- Entenda que você a maioria das pessoas não teve todas suas necessidades emocionais atendidas;
- Seus pais fizeram o melhor que podiam com o melhor que tinham na época;
- Você é digno de amor;
- Você pode desenvolver uma relação mais amorosa com você mesmo apesar de tudo que você já fez e viveu ;
- Você não precisa ser perfeito para começar a se olhar com amor;
- Diariamente acolha suas falhas com carinho;
- Você é capaz de se dar o amor que precisa.
Isso é uma quebra de paradigma e tanto. Requer tempo e dedicação, e para algumas pessoas, até umas sessões de terapia, e tá tudo bem com isso. O que importa é que você, conscientemente, adote uma postura de se querer bem diariamente. A partir daí sua relação de amor com você mesmo irá florescer.
Com carinho,
Paula.