Você já tentou prestar atenção apenas na sua respiração por alguns minutos e percebeu como sua mente começa a viajar? Isso é absolutamente normal. Nossa mente foi feita para pensar, planejar e lembrar. Mas, em meio à correria e ao excesso de estímulos do dia a dia, muitas vezes acabamos vivendo no “piloto automático”, sem perceber o que sentimos, fazemos ou escolhemos.
É justamente aí que entram as práticas de atenção plena (mindfulness). Cada vez mais faladas em pesquisas científicas, consultórios de psicologia e até em empresas, essas práticas têm ganhado espaço porque realmente funcionam.
Mas afinal, por que elas funcionam? Como funcionam? E qual a diferença entre atenção plena e meditação?
Neste texto, vamos responder a essas perguntas de forma clara e baseada em evidências, além de mostrar por que pode ser difícil no começo, e como isso também faz parte do processo.
O que é atenção plena (mindfulness)?
O termo mindfulness significa, de forma simples, prestar atenção ao momento presente com curiosidade e sem julgamentos. Isso quer dizer observar pensamentos, sensações corporais e emoções enquanto eles acontecem, em vez de lutar contra eles ou se perder em distrações.
É como treinar a mente para estar onde o corpo já está.
Por exemplo: quando você come uma fruta e sente o sabor, a textura, o cheiro e a temperatura, em vez de apenas mastigar no automático, você está praticando atenção plena.
Atenção plena e meditação: qual a diferença?
Muita gente confunde os dois termos, mas atenção plena e meditação não são exatamente a mesma coisa.
- Meditação é um conjunto de práticas antigas, de diferentes tradições espirituais e religiosas, que usam técnicas variadas (como focar em um mantra, em uma vela ou na respiração) para cultivar estados de consciência.
- Atenção plena (mindfulness) é um tipo de prática de meditação adaptada para o contexto da saúde mental e bem-estar. Não exige vínculo religioso e pode ser aplicada de forma laica, em consultórios, escolas e até empresas.
👉 Em outras palavras: toda prática de atenção plena é um tipo de meditação, mas nem toda meditação é atenção plena.
Por que as práticas de atenção plena funcionam?
Pesquisas científicas nas últimas décadas mostraram que o mindfulness pode trazer benefícios psicológicos e até fisiológicos. Entre os principais motivos estão:
1. Treino de atenção
A mente humana é naturalmente dispersa, pulando de pensamento em pensamento. A atenção plena atua como um treino, fortalecendo a habilidade de focar no que realmente importa no momento.
2. Regulação emocional
Estudos em neurociência mostram que a prática de mindfulness pode reduzir a ativação da amígdala, região do cérebro ligada a respostas de estresse e ansiedade. Com isso, as pessoas aprendem a responder às emoções em vez de apenas reagir automaticamente.
3. Consciência corporal
Ao observar sensações físicas e sinais do corpo, como respiração ou batimento cardíaco, é possível identificar sinais de estresse ou tensão antes que eles se tornem maiores. Essa autoconsciência ajuda na prevenção de crises de ansiedade, por exemplo.
4. Interrupção do piloto automático
Grande parte do sofrimento psicológico vem de hábitos mentais automáticos: críticas internas, ruminação, comparações. A atenção plena cria uma “pausa” entre o estímulo e a resposta, permitindo escolhas mais conscientes.
5. Mudanças estruturais no cérebro
Pesquisas de neuroimagem indicam que praticar mindfulness regularmente pode aumentar a espessura do córtex pré-frontal, área relacionada à tomada de decisões e autocontrole, e reduzir a atividade em regiões associadas à divagação mental.
Benefícios comprovados pela ciência
Estudos publicados em revistas como JAMA Internal Medicine e Psychological Science mostram que programas baseados em mindfulness:
- reduzem sintomas de ansiedade e depressão;
- melhoram a qualidade do sono;
- ajudam no manejo da dor crônica;
- aumentam a atenção e concentração;
- favorecem o bem-estar geral.
Na psicoterapia, protocolos como o Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT) e o Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR) já têm evidências robustas de eficácia.
“Mas eu não consigo meditar, minha mente não para!”
Esse é um dos comentários mais comuns de quem tenta começar. A verdade é que ninguém consegue parar a mente de pensar.
O objetivo não é esvaziar a mente, mas sim observar os pensamentos quando eles aparecem e voltar gentilmente ao foco escolhido (como a respiração, por exemplo).
👉 Ou seja: perceber que se distraiu já é parte da prática. Isso significa que você está desenvolvendo consciência.
No começo, pode parecer frustrante. Mas como qualquer habilidade, é preciso treino. Assim como não aprendemos a tocar um instrumento ou andar de bicicleta de um dia para o outro, também não aprendemos atenção plena instantaneamente.
Como começar a praticar atenção plena
Se você quer experimentar, aqui vão algumas formas simples:
- Respiração consciente (2 a 5 minutos): sente-se em um lugar tranquilo, feche os olhos e apenas perceba o ar entrando e saindo.
- Atenção plena ao comer: escolha um alimento e explore seu sabor, cheiro, textura e temperatura como se fosse a primeira vez que o experimenta.
- Scanner corporal: deite-se e leve a atenção a cada parte do corpo, percebendo tensões ou relaxamentos.
- Mindfulness em atividades do dia a dia: ao tomar banho, caminhar ou escovar os dentes, perceba cada detalhe da experiência.
Estratégias para não desistir no começo
- Comece pequeno: 2 ou 3 minutos já são suficientes.
- Seja gentil consigo mesmo: não é sobre “acertar”, é sobre praticar.
- Use lembretes: aplicativos, alarmes ou até post-its ajudam a lembrar de praticar.
- Integre na rotina: em vez de separar uma hora por dia, inclua pequenos momentos de atenção plena em tarefas diárias.
Conclusão: atenção plena como ferramenta de bem-estar
As práticas de atenção plena funcionam porque treinam a mente a sair do piloto automático, regulam as emoções e fortalecem o autocontrole.
Diferente da ideia de “esvaziar a mente”, o objetivo é observar com curiosidade e gentileza aquilo que já está presente.
A ciência já mostrou benefícios reais, desde a redução do estresse até mudanças no cérebro. E sim, pode ser difícil no começo, mas justamente porque é um treino.
👉 A boa notícia é que cada pequena tentativa já conta como prática.
Se você está em busca de mais presença, menos ansiedade e uma vida mais consciente, a atenção plena pode ser um caminho poderoso.
Com carinho,
Paula.
 
								             
	
	
	
 
				 
			 
			