Você confiou. Acreditou. E, quando percebeu, já era tarde: foi vítima de um golpe virtual.
Junto com o prejuízo, veio a vergonha, o medo e a culpa.
Mas o que a ciência diz sobre isso?
A verdade é que ninguém está imune aos golpes online. Os cibercrimes são planejados para manipular emoções humanas , e entender isso é essencial para se proteger e se recuperar.
A ciberpsicologia, área da psicologia que estuda nosso comportamento em contextos digitais, tem muito a dizer sobre como esses golpes funcionam, por que somos vulneráveis e como lidar com as consequências emocionais.
Neste artigo, você vai aprender:
- O que são os cibercrimes e como eles se classificam
- Por que a mente humana é vulnerável online
- Como a ciberpsicologia explica o impacto emocional do golpe
- E o mais importante: como se proteger e se cuidar após o ocorrido
O que são cibercrimes, segundo a ciberpsicologia?
De forma geral, cibercrime é qualquer ato ilegal que envolva tecnologia digital, seja como meio, ferramenta ou fim.
Existem dois tipos principais cybercrime:
- Cibercrimes habilitados pela internet (internet-enabled): são crimes que também podem ocorrer offline, mas são potencializados online, como golpes financeiros e fraudes emocionais.
- Cibercrimes específicos da internet (internet-specific): crimes que só existem no mundo digital, como invasões de sistemas, roubo de identidade virtual e phishing.
O mais comum entre usuários da internet são os golpes por engenharia social, como:
- Golpes afetivos (romance scams)
- Phishing (roubo de dados por e-mail ou mensagens falsas)
- Golpes de investimento e falsas promessas de lucro
- Extorsão emocional com fotos ou dados pessoais
Por que caímos em golpes online? A vulnerabilidade humana explicada
Segundo a ciberpsicologia, cair em um golpe online não é sinal de ingenuidade, mas de suscetibilidade emocional num ambiente que reduz nossas defesas cognitivas.
1. Efeito da desinibição online
Atrás de uma tela, tendemos a confiar mais, revelar mais e pensar menos. Isso nos torna emocionalmente acessíveis e vulneráveis.
2. Redução de pistas sociais
No ambiente digital, não temos linguagem corporal, tom de voz ou expressões faciais. Isso dificulta perceber sinais de mentira ou manipulação.
3. Sobrecarga cognitiva
Recebemos milhares de estímulos por dia, o que prejudica nossa capacidade de julgamento. Tomamos decisões apressadas, especialmente sob emoção ou urgência.
4. Exploração de vieses cognitivos
Pesquisas mostram que golpes bem-sucedidos ativam heurísticas mentais como:
- Viés da autoridade (“parece um banco, então é confiável”)
- Viés da escassez (“última chance”)
- Viés do compromisso (“já comecei, agora tenho que ir até o fim”)
O impacto psicológico de ser vítima de um golpe virtual
A ciberpsicologia reconhece o impacto profundo da vitimização digital. Crimes online, embora intangíveis, produzem sofrimento emocional real.
Entre as reações mais comuns:
- Vergonha (“Como fui cair nisso?”)
- Ansiedade e medo persistente (“Vão me expor? Roubar mais coisas?”)
- Perda de confiança (em si mesma, nas pessoas e no ambiente online)
- Culpa e autodepreciação (“Fui burra. Deveria saber.”)
- Isolamento (evitar contar aos outros por medo de julgamento)
O que precisamos lembrar: você não é culpada por ter confiado. A culpa é de quem te enganou.
Como prevenir golpes virtuais? Dicas com base na ciência
A prevenção passa por conhecimento, regulação emocional e boas práticas digitais. Veja as principais orientações:
✅ Desconfie de urgências emocionais
Golpes criam uma falsa sensação de urgência. Se você sentir que “precisa agir agora”, pare.
✅ Nunca forneça dados pessoais por e-mail, mensagem ou sites não verificados
Evite clicar em links. Vá direto ao site oficial ou procure canais de contato confiáveis.
✅ Proteja sua identidade digital
Use senhas fortes, autenticação em dois fatores e monitore sua presença online.
✅ Cuide do seu estado emocional antes de decidir
Cansaço, carência, medo e pressa são gatilhos que aumentam a vulnerabilidade.
✅ Se algo parecer bom demais…
…provavelmente não é real. Golpes se baseiam em promessas excessivas com riscos ocultos.
E se eu já fui vítima de um golpe online?
A ciência é clara: o trauma digital é real.
Segundo Kirwan e Power, vítimas de cibercrime precisam de suporte emocional para recuperar o senso de controle, segurança e dignidade.
Aqui estão os passos recomendados:
1. Rompa o silêncio. Conte a alguém.
A vergonha se alimenta do silêncio. Fale com pessoas de confiança, com seu/sua terapeuta, ou grupos de apoio.
2. Registre o crime
Mesmo que pareça difícil, vale a pena fazer um boletim de ocorrência virtual. Pode ajudar em futuras investigações.
3. Reforce sua segurança digital
Troque senhas, ative verificações, limpe histórico de permissões em aplicativos e redes sociais.
4. Procure acolhimento psicológico
A psicoterapia pode ajudar a lidar com sentimentos de vulnerabilidade, culpa e perda de controle.
Conclusão: sua dor é válida, e seu valor, intacto
Ser vítima de um golpe virtual pode desestabilizar o emocional, abalar a autoestima e gerar um profundo senso de injustiça.
Mas você não precisa passar por isso sozinha.
A ciberpsicologia nos lembra que o comportamento online é influenciado por múltiplos fatores, emocionais, sociais, cognitivos. E que a cura vem da compreensão, do cuidado e da reconstrução da confiança.
💡 Aqui no Psicoterapia e Afins, acreditamos que sua saúde mental merece respeito, no mundo físico e no digital.
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Você merece navegar com segurança, por dentro e por fora das telas.
Com carinho,
Paula.