Descubra o que a ciência diz sobre o papel das crenças positivas (e negativas) no seu bem-estar
Você se considera uma pessoa otimista ou pessimista? A forma como você responde a essa pergunta pode revelar muito sobre sua maneira de enfrentar desafios, lidar com emoções e até construir relacionamentos. Mas o que exatamente significa ser otimista ou pessimista? E até que ponto isso é algo que podemos mudar?
A psicologia positiva, campo que estuda os fatores que promovem o bem-estar e o florescimento humano, traz uma perspectiva interessante sobre esse tema. Em vez de tratar o otimismo como ingenuidade ou o pessimismo como uma falha de caráter, ela propõe que essas atitudes são estilos explicativos, formas diferentes de interpretar a vida e seus eventos.
Neste texto, você vai entender o que são otimismo e pessimismo segundo a psicologia positiva, como eles influenciam sua saúde mental e como é possível cultivar uma visão mais esperançosa sem perder a conexão com a realidade.
O que é otimismo na psicologia positiva?
Na psicologia positiva, o otimismo não é apenas “pensar positivo”. Ele é entendido como uma forma de interpretar os acontecimentos da vida de maneira mais construtiva e esperançosa, mesmo diante de dificuldades.
O psicólogo Martin Seligman, um dos fundadores da psicologia positiva, define o otimismo como um estilo explicativo no qual as pessoas atribuem os eventos negativos a causas temporárias, específicas e externas, e os eventos positivos a causas permanentes, abrangentes e internas.
Por exemplo:
- Evento negativo: “Não consegui aquele emprego porque não era o momento certo” (causa externa e temporária)
- Evento positivo: “Fui promovido porque sou competente e me dediquei” (causa interna e duradoura)
O otimismo, nesse sentido, não ignora a dor ou o fracasso, mas interpreta os eventos de forma a preservar a esperança e a motivação.
E o que é o pessimismo?
O pessimismo, por outro lado, é um estilo explicativo no qual as pessoas tendem a:
- Ver os eventos negativos como permanentes (“isso sempre acontece comigo”)
- Assumir que são causados por falhas internas (“sou burro, sou insuficiente”)
- Acreditar que os problemas vão se estender para outras áreas da vida (“se fracassei aqui, tudo vai dar errado”)
Esse estilo pode levar à ruminação, desesperança e baixa autoestima, especialmente quando mantido por muito tempo. Pessimismo não é apenas ter pensamentos negativos, é acreditar que eles são verdades absolutas e inescapáveis.
Otimismo não é negar a realidade, é interpretá-la com mais recursos
É importante deixar claro: a psicologia positiva não defende o otimismo tóxico, aquele que ignora os problemas, evita emoções difíceis ou vive em negação. Pelo contrário, ela reconhece a importância do realismo, da aceitação e da validação emocional.
Ser otimista, segundo a psicologia positiva, é olhar para o sofrimento com coragem e buscar, mesmo assim, oportunidades de crescimento, aprendizado ou sentido. É a famosa pergunta: “O que eu posso fazer com isso agora?”
Os benefícios do otimismo comprovados pela ciência
Diversos estudos mostram que pessoas com um estilo explicativo mais otimista tendem a apresentar:
- Menores níveis de estresse e ansiedade
- Maior resiliência diante de adversidades
- Melhor desempenho em tarefas acadêmicas e profissionais
- Mais engajamento e proatividade
- Melhor saúde física e imunológica
- Relacionamentos mais saudáveis e empáticos
Esses benefícios não vêm de “pensamentos mágicos”, mas de uma forma mais adaptativa de interpretar e responder aos eventos da vida.
Mas e o pessimismo? Ele tem alguma função?
Sim, e isso é importante de reconhecer. O pessimismo pode funcionar como um mecanismo de proteção, especialmente em ambientes inseguros, caóticos ou quando fomos ensinados desde cedo a “esperar o pior para não se decepcionar”.
Pessoas com estilo mais pessimista tendem a ser:
- Mais cautelosas
- Mais críticas e analíticas
- Menos impulsivas
- Menos propensas a ilusões otimistas
O problema não está em sentir medo ou reconhecer riscos. O desafio é quando o pessimismo se torna crônico, distorcendo a percepção de si mesmo, do mundo e do futuro, e impedindo a ação.
O estilo explicativo: como você interpreta a vida?
Martin Seligman propôs três dimensões para analisar o estilo explicativo de uma pessoa:
Dimensão | Otimista | Pessimista |
---|---|---|
Permanência | “Isso vai passar” | “Isso sempre acontece comigo” |
Abrangência | “Isso só afeta essa área da minha vida” | “Minha vida inteira está um caos” |
Pessoalização | “Foi uma situação externa, eu fiz o possível” | “A culpa é minha, sou um fracasso” |
Refletir sobre essas dimensões pode ajudar você a identificar como tem interpretado suas experiências e se esse estilo está te ajudando, ou te limitando.
Como cultivar um otimismo saudável?
A boa notícia é que o estilo explicativo pode ser aprendido e transformado. Não se trata de forçar pensamentos positivos, mas de desenvolver uma forma mais equilibrada e compassiva de olhar para si mesmo e para a vida.
1. Identifique seus pensamentos automáticos
Comece a observar como você interpreta os eventos negativos: você tende a se culpar? Generaliza? Enxerga como permanente?
2. Questione suas interpretações
Aprenda a desafiar seus pensamentos com perguntas como:
- “Será que isso vai durar para sempre?”
- “O que mais pode explicar essa situação?”
- “Estou olhando para os fatos ou para uma interpretação automática?”
3. Reconheça suas conquistas
Pessoas pessimistas costumam minimizar o que fazem bem. Pratique reconhecer e valorizar seus esforços e progressos, mesmo os pequenos.
4. Exercite a gratidão realista
A gratidão não nega a dor, mas te ajuda a lembrar que nem tudo está perdido. Escrever diariamente 2 ou 3 coisas pelas quais é grato pode mudar o foco da mente.
5. Busque apoio terapêutico
A psicoterapia, especialmente as abordagens da Psicologia Positiva, Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia Focada na Compaixão, pode ajudar a transformar o estilo explicativo de forma profunda e duradoura.
E se eu for naturalmente pessimista?
Você não precisa se tornar alguém que vê o mundo cor-de-rosa. O que a psicologia positiva propõe é o realismo esperançoso: reconhecer as dificuldades sem se afundar nelas. Cultivar um estilo mais otimista é aprender a ser gentil consigo mesmo(a) diante da vida como ela é.
Em resumo
Otimismo e pessimismo são mais do que traços de personalidade, são formas de interpretar o mundo. Segundo a psicologia positiva, essas interpretações podem influenciar profundamente a sua saúde mental, seus relacionamentos e sua capacidade de lidar com a vida.
Ser otimista não significa ignorar a dor, mas acreditar que ela não é tudo o que existe.
Ser realista não significa ser pessimista, é possível olhar para os desafios com olhos atentos, mas também com um coração esperançoso.
Você pode aprender a interpretar sua história com mais compaixão, coragem e sentido.
E isso pode fazer toda a diferença.
Se você deseja aprender a ser mais otimista, entre em contato e marque sua sessão de terapia.
Com carinho,
Paula.