Olhar para o passado e sentir um peso, vergonha, arrependimento e aquela vontade de mudar algo que não é possível… Você já sentiu isso? Essa é uma das definições de culpa. A culpa é uma emoção que nos acompanhou durante a evolução da espécie humana e envolve a autorreflexão orientada para a responsabilidade e consequência das nossas ações. É comum a culpa surgir em situações onde fizemos algo ou achamos que fizemos que prejudicou alguém, fracassamos diante de algo que deveríamos ter feito, ou ainda tivemos pensamentos que achamos que não deveríamos ter.
Essa emoção é uma grande aliada na resolução de conflitos e mudança de comportamentos que envolvem consequências sociais. Porém nem todo mundo sente culpa na mesma proporção. A culpa excessiva é comum em casos de transtornos mentais como a depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós traumático. Já a ausência de culpa pode estar relacionada à dificuldade de sentir empatia, conflitos em relacionamentos e seguir normas sociais. Sentir culpa é desconfortável, mas se ocorrer na medida certa, nos ajuda a desenvolver a empatia e reparar as relações.
Então como lidar com a culpa?
O primeiro passo é entender o que é a culpa, como já mostrado acima. E que essa emoção envolve a percepção de que algum mal foi causado a alguém. Tendo clareza sobre isso, é indispensável a pergunta a seguir: é possível reparar o dano que foi causado a outra pessoa? Caso seja possível, o faça. Caso não, é hora de avaliar a gravidade do que aconteceu.
De maneira bem simples você pode fazer uma lista em uma folha branca elencando 5 acontecimentos que aconteceram em sua vida onde foi houve uma parcela de culpa sua. É importante que esses acontecimentos sejam diferentes uns dos outros. Após isso, classifique-os de 0 a 10 o quão grave cada um deles foi. A ideia é você compará-los e criar uma espécie de “régua da culpa”.
Posteriormente, caso você goste de escrever o colocar a mão na massa, pegue outra folha de papel e faça um quadrante para cada situação que você descreveu na parte da “régua da culpa”. No canto direito de cada quadrante faça uma lista de todas pessoas envolvidas que poderiam ter feito algo, ajudado, ou revertido a situação, incluindo você. Desenhe um círculo na parte central de cada quadrante e distribua as porcentagens de responsabilidade de cada envolvido de acordo com o que cada um poderia ter feito. Feito isso reexamine a sua “régua da culpa” e revise se as notas podem ser alteradas após isso.
Agora avalie se a emoção continua na mesma intensidade que antes ou se ela diminui. Lembrando que a culpa não desaparecerá do dia pra noite, ok? Aqui é importante você avaliar se o sofrimento relacionado à culpa ainda continua significativo. Caso sim, sigamos.
A culpa é uma emoção que acontece devido a nossa avaliação de ações que cometemos no passado. Algo que é sabido por todos é que não conseguimos mudar o passado. Praticar a aceitação é o que vai te ajudar a lidar com a culpa de forma saudável. Isso requer que você não fuja dessa emoção, mas a encare com equilíbrio, entendendo que ela faz parte da experiência humana e ainda que, ela não define o seu valor nem quem você é. Se olhar com compaixão com certeza irá te ajudar nesse processo.
Também é fundamental se perdoar. A culpa pode ser uma espécie de ressentimento ou mágoa auto orientado. Nesses casos, o perdão é o processo que te ajudará a se libertar do ressentimento e diminuir os pensamentos repetitivos sobre o passado. O perdão aqui não é visto como uma simples decisão, mas um processo complexo que envolve dedicação e cuidado consigo mesmo.
Caso esse processo seja muito doloroso ou complicado, não hesite em buscar ajuda de uma psicóloga. A ajuda profissional te dará o suporte necessário para lidar com a culpa.
Perguntas para te ajudar a refletir sobre a culpa
- A minha atitude causou mal ou dano a alguém?
- As pessoas envolvidas expressaram algum desconforto?
- Cheguei a pedir feedback ou confirmar se a minha percepção sobre o ocorrido realmente causou mal às pessoas?
- Há algo que eu posso fazer no presente para compensar?
- O que na minha história de vida e visão de mundo contribui para que eu me comportasse dessa maneira? O que mudou?
- Outras pessoas no meu lugar considerariam meu comportamento tão grave quanto considerei?
- Como posso garantir que esse erro não se repita?
Espero que esse texto te ajude a viver com menos culpa.
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Com carinho,
Paula.