A autoestima é uma tema frequente em livros de autoajuda e também nas sessões de terapia. Muitos acreditam que esse conceito é simples e ao mesmo tempo determinante para a saúde mental, mas na verdade é preciso compreendê-lo a fundo para aprender a desenvolvê-lo e reconhecer quando ele não será determinante em sua vida.
Antes de mais nada é importante você entender que seus pensamentos, emoções e comportamentos são influenciados um pelo outro. Uma mudança em um desses três componentes tem o poder de mudar os outros dois. A autoestima entra nessa dinâmica porque ela reflete a crença que temos sobre o nosso próprio valor. Aquela avaliação que você faz de si mesmo, sabe?
É importante falar que autoestima não tem ver com se achar bonita. É muito comum associarmos a autoestima à beleza, mas isso não procede. Autoestima é a avaliação que você faz de si mesmo. A maneira como você se enxerga é chamada de autoimagem, e pode estar associada com estética ou não.
O que influencia a formação da autoestima?
As experiências e como você as percebe influenciam a forma como você vive e o que você pensa sobre você e sobre o mundo. Em nossa infância essas experiências podem ter um peso maior, pois estamos em formação, aprendendo a nos relacionarmos com o mundo e criando as conexões neurais e aprendizados que levaremos como guia para o restante de nossa vida.
Experiências dolorosas e traumáticas podem afetar a forma como você se enxerga e se sente amado. Abuso, negligência, falta de validação emocional, falta de pertencimento, dentre outras necessidades emocionais que são importantes para o desenvolvimento saudável de uma criança podem influenciar o quanto essa pessoa se valoriza ou não em sua vida adulta. Por isso é importante avaliar se ao olhar para o seu passado você sente paz ou dor. Esse é um bom termômetro para você perceber como você se avalia.
Por ser uma avaliação, a autoestima envolve critérios. Cada pessoa os estabelecerá de acordo com o que considera importante ou com o que foi ensinado sobre como uma pessoa se torna valorizada no mundo.
Fazendo o raio-x da sua autoestima
Aqui vão algumas perguntas para te ajudar a examinar a sua autoestima:
- Você consegue citar suas qualidades com a mesma agilidade que cita os seus defeitos?
- Você se compara com frequência a outras pessoas e se sente mal com isso?
- Você está satisfeita com a sua rotina e os seus hábitos atualmente?
- As situações difíceis do seu passado limitam a forma como você vê o mundo atualmente?
- A sua vida está de acordo com os seus valores?
Uma baixa autoestima consiste em não fazer uma boa avaliação de si mesma. É olhar para sua vida e não se orgulhar do que você é e faz. Outra forma de avaliar sua autoestima é prestando atenção à maneira que você conversa consigo mesma. Qual tom de voz você usa? Você se critica com frequência? Quando algo dá errado, o que você diz para si mesmo? A nossa fala interna é um termômetro muito importante. Esses pensamentos podem inclusive te ajudar a compreender quais são os gatilhos que despertam sua baixa autoestima e as experiências relacionadas a eles.
Exercícios para aumentar a autoestima
Uma autoestima saudável envolve uma avaliação de si mesma que foque mais nos aspectos positivos do que os negativos. Então o primeiro passo é você buscar identificar situações onde você se sentiu bem consigo mesma, conquistou coisas que valoriza, usou suas qualidades a seu favor, conseguiu lidar com desafios. Não precisa ser uma situação muito dramática. Coisas simples já fazem bastante diferença. A ideia aqui é te ajudar a se enxergar sob outra perspectiva.
Outro ponto é compreender quais são os valores e crenças que guiam a sua vida. O que é mais importante para você? Quais aspectos você considera que fazem a vida valer a pena? O que é uma pessoa valorosa na sua visão de mundo? Ao questionar os seus valores e crenças pode ser que você se depare com algumas coisas que não se orgulhe tanto. Não se preocupe. Isso é normal. Muitas vezes aprendemos que bens materiais ou se sentir superior aos outros é que nos faz ter valor. O primeiro passo para quebrar esse ciclo é reconhecer essas crenças e flexibilizá-las.
Caso você se depare com pensamentos e crenças que não se orgulha, escreva quais crenças e pensamentos você gostaria de ter. Imaginar a pessoa que você gostaria de se tornar no futuro é um ótimo exercício para isso. Após isso enumere os comportamentos que você precisa ter para chegar nessa pessoa do futuro que você deseja e comece a executar já. Isso mesmo. Agir como você gostaria de ser te ajuda a realmente se tornar essa pessoa. Tá cheio de pesquisa dizendo isso. Incrível, não?
Defina limites saudáveis para suas relações. Essa não é uma tarefa simples, nem confortável. Muitos de nós acreditamos que temos que sentir que merecemos respeito para então delimitar esse espaço. A verdade é que para muitas pessoas com um histórico sem referencial positivo, isso pode ser bem difícil. Então agir, mesmo que você não se sinta confortável ou confiante para, é uma forma de te expor a situações novas, e após suas vivências avaliar os ganhos desses novos comportamentos. Assim, gradativamente, você vai mudando a sua forma de pensar e sentir, como falamos no início do texto.
Exerça a autocompaixão. Abra mão de ser o melhor. No mundo competitivo que vivemos somos estimulados a olhar para os lados e só quando sentirmos que somos melhores que os outros é que reconheceremos o nosso valor. Isso não é nada saudável e deteriora nossa saúde emocional e nossas relações. Você não é e nem será boa em tudo. Ninguém é. Você não precisa ser a melhor para se sentir valorizada e amada. O amor não está ligado ao senso de merecimento, ok? Se aceite, com as suas imperfeições, por mais difícil que isso seja, e busque ser bondosa com você. Com certeza isso fará muito mais pela sua saúde emocional do que mergulhar em comparações injustas.
Espero que esse texto tenha te ajudado.
Com carinho,
Paula.