A autoaceitação é um dos pilares para o bem-estar emocional. Se autoaceitar envolve se enxergar além das qualidades e defeitos, aceitando as múltiplas facetas que podemos ter. Uma das principais características da autoaceitação é a atitude positiva em relação a si mesmo. Sabe aquele desejo de querer ser outra pessoa, ou não se sentir confortável sendo quem você é? Isso é um sinal claríssimo de que você precisa se autoaceitar.
O discurso pode parecer bonito e poético, mas na prática se autoaceitar é bem difícil (mas não impossível :)). Hoje vamos falar aqui os principais obstáculos nessa jornada. Começando pelo mais importante: o autojulgamento.
O autojulgamento surge quando você tem pensamentos sobre si que desencadeiam emoções como raiva, ansiedade ou tristeza. Geralmente o processo de julgamento ocorre quando se forma uma opinião baseada nas evidências que estão disponíveis. No caso do autojulgamento, como o oposto da autoaceitação, muitas vezes acontece a habituação de se formar julgamentos com a finalidade de explicar e validar pensamentos distorcidos, e que tentam te proteger do sofrimento, fracasso e rejeição.
O que pode influenciar o processo de autojulgamento?
Comparações com os outros. Aquela tendência em você se comparar com o outro na tentativa de se sentir melhor ou pior é uma grande inimiga da autoaceitação, pois ela está fundada na crença de que para você se sentir melhor é necessário olhar para o lado e se ver como superior aos outros e isso definitivamente não é se autoaceitar. Quando tentamos nos encaixar em histórias e expectativas de comportamentos que não estão alinhadas com o quem somos, valorizamos ou esperamos da vida isso certamente mina a autoaceitação.
Dificuldade em aceitar o passado. O desejo de mudar o passado reflete a dificuldade de aceitarmos aquilo que não podemos mudar. Quando pensamos “deveria ter… deveria ter sido… não aceito que…”, isso mostra que existe um ressentimento em relação a própria história, ou até, quem sabe, um sentimento de culpa ou raiva de si mesmo. A falta de compaixão pode fazer com que desejemos nos punir em relação ao passado, ou até desejemos punir os outros. O fato é: o passado na se muda. Aceitar a história que te trouxe até aqui, mesmo que ela seja dolorosa com certeza te ajudará a se sentir confortável sob a própria pele e ter uma atitude mais positiva em relação a si mesmo.
Medo de não ser bom ou boa o suficiente. Em algum momento pode ser que você tenha compreendido que se sentirá completa(o), que a vida fará sentido ou até que os resultados positivos simplesmente vão acontecer. Ou ainda que você nunca mais duvidará de si mesma(o). A verdade é que em uma década de trabalho eu ainda não encontrei quem se sentisse assim. A verdadeira paz interior parece surgir quando aceitamos que não seremos perfeitos e que não seremos o suficiente para alguns ou para algumas circunstâncias. Sempre irá faltar algo e o afeto, amor, aceitação não estará interligado a isso. O que move o mundo é esse sentimento de falta de alguma coisa. Agora o que nos faz ruir é quando achamos que seremos perfeitos e completos em algum momento e deixamos de viver como gostaríamos por não nos sentirmos assim.
Os quatro pontos elencados hoje aqui têm algo em comum: a noção de que existe algo certo ou errado, algo completo versus algo incompleto, alguém acima de média e alguém abaixo da média. Pensamentos extremos de que ou se é algo ou não se é. Como se a vida fosse algo totalmente linear e controlável. É um julgamento de que algumas pessoas valem mais do que outras, percebeu? Enquanto tentarmos quantificar o valor dos outros, acabaremos fazendo o mesmo conosco e perdendo a beleza que existem em todas as nossas facetas.
Que tal começar a admirar cada pedacinho seu hoje?
Com carinho,
Paula.